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Month: Março, 2012

AnÁlisE dA FotoGrAFIA EsCoLHida

 

 

“O Artista é autor de peças raras, únicas, feitas pelas própria mãos. Trabalha de um modo pessoal, procurando exprimir, numa linguagem caracterizada visualmente por um estilo próprio as sensações que nascem nele segundo os estímulos que recebe do mundo em que vive: Trabalha para si próprio e para um elite que a possa entender.” (MUNARI, Bruno / Artista e Designer / Ed. 70, Lisboa)

 

Ainda antes de passarmos à realização da composição visual, levamos a cabo uma recolha fotográfica que nos permitisse encontrar inspiração e, mais importante ainda, reconhecer e observar concretamente os elementos básicos da comunicação visual que constituem tudo o que de mais complexo  existe no mundo e que convivemos.  E como diz Ezio Manzini em “A Matéria da Invenção”, “Design significa também planear e escolher, ou seja, receber e processar estímulos, seleccionar modelos de pensamento e sistemas de valores.”

 

A nossa busca resultou em fotografias onde facilmente podemos visualizar o ponto, a linha, a cor, a textura e até mesmo a “simulação” de algum movimento.

 

Como é possível encontrar no nosso blogue, resultaram fotografias distintas onde numa se exalta a cor, noutras a linha e também junções dos mais variados elementos, onde estes são austeros, geométricos e outros fluidos, dinâmicos.

 

Confessámos que não foi, portanto, tarefa fácil escolher apenas uma fotografia entre tão variado leque, porém foi uma das fotografias mais versátil e diferente – alvo de várias interpretações – que mereceu a nossa atenção. Ao contrario da maioria das imagens que continhas elementos e linhas mais geométricas, esta foto representa algo muito abstracto, algo de facto nos faz observar apenas e só os elementos que a compõem, dada a impossibilidade de compreendermos o que estamos a observar.  Como diz Bruno Muntari no livro Artista e Designer “O artista trabalha com a fantasia, enquanto o designer usa a criatividade.”

 

Falando mais concretamente, chamamos à atenção para a existência dos pontos que acompanham sobretudo a parte média-inferior da imagem, as linhas que parecem nascer da extensão e “melting” dos pontos.

 

No entanto, não podemos deixar  de referir  a riqueza da cor desta fotografia. Os castanhos, beges, parecem fundir-se de uma maneira tão bela e cúmplice, quase poética, formando uma espécie de degradé que enaltece, sem margem de dúvida, a imagem. E desperta ainda mais um sentimento de fascínio. Os tons esbranquiçados atribuem à imagem luz irradiante à imagem.

 

A maneira como estão dispostas as linhas e os pontos criam também a sensação que estão em queda, um efeito de precipitação dando um determinado movimento à imagem.

 

Finalmente, afirmámos a existência de uma textura “gretada” quando aproximamos mais a imagem. Verifica-se solidez do objecto e algum relevo.

 

Independentemente da nossa análise, certo é que podemos olhar durante horas, tentar descodificar o que estamos a observar, tentar imaginar o que vemos, mas a verdade é que independentemente do esforço e versatilidade que utilizemos, a imagem continuará a deslumbrar-nos com o mistério de não sabermos a que “todo” pertence.

Esta frase define bem o exercício que efectuamos para juntar as partes e tentar formar um todo: “Parece que as coisas que vemos se comportam como totalidades. Por um lado, o que se vê numa dada área do campo visual depende muito do seu lugar e função no contexto total. Por outro, alterações locais podem modificar a estrutura do todo. Esta interação entre todo e parte não é automática e universal. Uma parte pode ou não ser visivelmente influenciada por uma mudança da estrutura total; e uma alteração na configuração ou cor pode ter pouco efeito no todo quando a mudança permanece, por assim dizer, fora da trilha estrutural. Estes são aspectos do fato de que qualquer campo visual comporta-se como uma Gestalt.” (ARHEIM, Rudolf / Arte & Perceção Visual / Ed. Pioneira (Editora da Universidade de São Paulo), São Paulo, 4a Edição, 1988. (Art and Visual Perception. The New Version; Ed. Regents of the University of California, 1954, 1974))

 

Para os mais curiosos aqui fica “o todo” da nossa imagem: um conjunto de pontos, linhas, texturas, cores e todos os outros elementos básicos da comunicação visual.

 

 

MEMóriA DesCRiTiVA (qUaDRAdo e CirCULo)

 

Linha, ponto, textura, perspectiva, cor, movimento. Os elementos básicos que compõem tudo o que de mais complexo existe à nossa volta.

Observar as  partes que compõem o todo, aprender a ver mais longe, mais profundamente. Estes são os ingredientes essenciais para a execução do projecto de Design e Comunicação Visual.

“Conhecer as imagens que nos circundam significa também alargar as possibilidades de contacto com a realidade; significa ver mais e perceber mais. è muito interessante, por exemplo, ver as estruturas das coisas, mesmo na parte que está à superfície, aquilo que se chama textura, isto é, a sensibilização (natural ou artificial) de uma superfície, mediante sinais que não alteram a sua uniformidade.” (MUNARI, Bruno / Design e Comunicacao Visual / Ed. 70, Lisboa, 1991)

Antes de mais queremos anunciar que adquirimos online e recorremos frequentemente aos livros Design e Comunicação Vissual de Bruno Muntari; Arte e Percepção Visual de Rudolf Amheim; e Sintaxe da Linguagem Visual de  Dondis A. Donis.

Com as noções aprendidas nas aulas, partimos à descoberta dos elementos visuais que nos rodeiam. Tiramos várias fotografias tende sempre em mente uma inspiração – “Shake it Out”.

“Shake it Out” dos Florence & The Machine foi a música escolhida para o nosso projecto. Música que nos transmite a ideia de que muitas vezes estamos no nosso lado escuro, cercados, deprimidos, na companhia dos nossos “demónios interiores” e que a solução é deixar que estes não se alimentem do nosso espírito; é não nos rendermos nem nos conformarmos – afastá-los; abandonar todo o negro sempre em direcção ao lado feliz, livre, paradisíaco. A solução é “Shake it Out”; Abanar o estado depressivo para estarmos bem connosco e com o mundo.

Com este conceito tiramos fotografias dos mais variadíssimos géneros e perspectivas, privilegiando os mais diversos elementos da comunicação visual – como é possível observar no neste blogue.

Tínhamos noção que a percepção do conteúdo e da forma ocorre pelo ser humano de forma simultânea e assim, se queríamos privilegiar a existência dos elementos que constituem a nossa composição, teríamos também de utilizar técnicas que nos permitissem transmitir a mensagem que pretendemos sem diminuir o papel dos elementos e sem perder a conexão dos mesmos como um todo. Ou seja, queremos que os observadores possam ver os elementos desta forma de comunicação como as partes constituintes de uma mensagem mas, ao mesmo tempo, que fosse também possível compreender essa mesma mensagem.

Comecemos então por analisar por analisar a utilização dos elementos básicos da comunicação visual.

Tanto na composição do quadrado como na do circulo, destacámos a importância da utilização da cor, bem como da linha.

No quadrado observamos a utilização da cor como elemento que nos ajuda a distinguir entre dois lados: o lado da euforia e no oposto, o lado neutro, insípido. A dividir estas duas dimensões existe uma espécie de cerca (daí o nome da composição), formada pela linha e textura em tons acastanhados e baseada numa das fotografias retiradas por nós. Assim temos o lado vedado e a facção daqueles que se atrevem e conseguem ultrapassá-la, alcançando a cor, o êxtase, a euforia, a Dinâmica. A cor está assim presente  apenas no lado da felicidade , desafiando-nos a saltar a cerca, deixando o estado depressivo para trás de modo a alcançar a plenitude de espírito.

No caso da composição do circulo existe também a ideia de dois estados, dois blocos opostos. Mantendo os mesmos tons de cor, mantendo a utilização dos mesmos elementos, nomeadamente a linha, acrescentámos, aproveitando a indução de movimento veiculada   pelo circulo, para criar a ideia do Ying Yang. Porém não utilizamos preto e branco mas sim preto e rosa. Esta escolha deve-se pelo facto de não querermos representar o bem e o mal mas sim os dois estados de espírito distintos. O preto depressivo, “negro”, problemático. Passando para o rosa, “colorido”, eufórico, alegre, calorento. È também possível  verificar a criação de um efeito de ilusão em que o lado da euforia parece acabar por, progressivamente, consumir o lado demoníaco.

Quanto à utilização da linha, optámos, contrariamente ao caso do quadrado, por uma utilização mais rígida e geométrica para fazer contraste com o círculo – um campo de composição mais dinâmico e curvilíneo. A aglomeração de todas as linhas tem como objectivo formar uma máquina (tal como parte do nome da banda “The Machine”) que está, deliberadamente,  quase na sua totalidade no lado eufórico e começa a formar-se no lado depressivo. Finalmente a máquina produz uma espécie de bailarino que parece movimentar-se, expressa-se através do som da máquina.

Falando agora nas técnicas utilizadas, podemos aferir que forma um conjunto.

“Os elementos visuais são manipulados com ênfase cambiável pelas técnicas de comunicação visual, numa resposta directa ao carácter do que está sendo concebido e ao objectivo da mensagem. A mais dinâmica das técnicas visuais é o contraste, que manifesta uma relação de polaridade com a técnica oposta, a harmonia(..) São muitas as técnicas que podem ser aplicadas na busca de soluções visuais. Aqui estão algumas das mais usadas e de mais fácil identificação, dispostas de modo a demonstrar suas fontes antagónicas.” (DONDIS, A. D. / La sintaxis de la imagem, Introducción al alfabeto visual / Ed. GG Diseño, Barcelona). Nesta página do livro – 24 – apresenta-se os elementos que constituem o contraste e a harmonia.

Existe, na nossa visão, uma espécie de equilíbrio dado pela forma como se separam as partes que constituem a mensagem, equilíbrio esse transparecido também pela utilização de algumas linhas e formas mais geométricas. Porém simultaneamente existe instabilidade provocada pela inquietação das linhas que constituem o lado de lá da cerca (caso do quadrado) e das que constituem a máquina (no circulo).

Acreditamos ainda que existe emoção, irregularidade, complexidade e uma grande riqueza visual (profusão) conferida pelo misto de elementos e a forma como estão desenhados e a irreverência que transparecem..

No caso da composição dentro do circulo encontramos também unidade, os elementos formam uma totalidade.

Para concluir esta mataria, acrescentamos a espontaneidade conferida pelas linhas especialmente no caso do quadrado, onde esta parece movimentar-se e dançar espontaneamente.

Uma imagem é, neste caso, um conjunto de elementos básicos da comunicação visual e como todas as imagens, valerá sempre mais que mil palavras..“Conhecer comunicação visual é como aprender uma língua, língua feita só de imagens, mas imagens que têm o mesmo significado para as pessoas de todas as nações, portanto de todas as línguas. Linguagem visual é uma linguagem, talvez mais limitada do que a falada, mas certamente mais directa. Exemplo evidente é é a do bom cinema, em que são desnecessárias palavras se as imagem contam bem uma história”. (MUNARI, Bruno / Design e Comunicacao Visual / Ed. 70, Lisboa, 1991).

ShaKInG tHE MacHInE


Este é o resultado final da composição visual no circulo de 11,5 cm de diâmetro, proposto em Design e Comunicacão Visual. Composição tendo como “música-tema” “Shake It Out” do grupo Florence & The Machine.

ShaKInG tHE FenCE

Este é o resultado final da composição visual no quadrado de 12 cm de lado, proposto em Design e Comunicacão Visual. Composição tendo como “música-tema” “Shake It Out” do grupo Florence & The Machine.

EnSAios (qUaDRAdo e CirCULo)

RecoLHa fotoGráFICa (PArtE 2)



DCV PRoposTA 1 – ObJeTIvos

Linha, Ponto, Textura, Perspetiva, Cor, Movimento. Os elementos básicos que compõem tudo o que de mais complexo existe à nossa volta. Aprender a observar as partes do todo, aprender a ver mais longe, mais profundamente são os ingredientes essenciais à execução do projeto de Design e Comunicação Visual que pretendemos realizar. Esta página servirá assim de espelho, permitindo “espreitar” o nosso percurso, as experiências e as fases que iremos percorrer para chegar à realização do trabalho final.

RecoLHa fotoGráFICa (PArtE 1)